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Illustration: Ann Kiernan for GIJN

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Investigando o Crime Organizado – Capítulo 7: Crimes Ambientais

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Este capítulo sobre crimes ambientais foi escrito por Toby McIntosh, consultor sênior do Centro de Recursos da GIJN. Ele trabalhou na Bloomberg BNA em Washington por 39 anos e escreveu sobre as políticas de leis de acesso à informação em todo o mundo. Ele é o autor do guia recente da GIJN sobre investigação de tráfico ilegal de vida selvagem.

Redes de interesses comerciais, funcionários do governo e grupos criminosos conduzem operações ilegais que prejudicam o meio ambiente de várias maneiras. Eles impulsionam o tráfico ilegal de vida selvagem e frutos do mar, madeira, minerais, resíduos perigosos e produtos químicos tóxicos em todo o mundo. Esses crimes ambientais às vezes estão relacionados a outras atividades criminosas, como tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

Crime Organizado Ambiental

Para explicar a “convergência” de criminosos, Andrea Crosta, a diretora executiva da Earth League International, conta uma história sobre o encontro com um conhecido traficante de vida selvagem asiático, em um país sul-americano não divulgado, que estava vendendo barbatanas de tubarão, entre outras coisas.

Foi quando chegou uma pessoa de uma organização criminosa: “Então, de repente, estávamos falando sobre lavagem de dinheiro”. Uma terceira pessoa se juntou a nós, que trabalhava na alfândega de um aeroporto internacional e facilitava o contrabando “de quase tudo, inclusive de pessoas”.

“Isso”, explicou Crosta, “é como funciona o nível mais alto do crime ambiental”.

“O abuso do meio ambiente é a quarta maior atividade criminosa do mundo”, constatou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente em 2017. “Vale até US$ 258 bilhões, está aumentando em 5 – 7% a cada ano e convergindo com outras formas de crimes internacionais.”

No entanto, as estimativas monetárias são apenas uma forma de medir os custos. Tão importantes quanto são os efeitos que os cientistas estão catalogando, como o desmatamento, a pesca predatória, o rápido declínio da biodiversidade, as relações com doenças zoonóticas e o impacto na crise climática.

As mudanças climáticas são aceleradas por vários crimes ambientais. A extração ilegal de madeira contribui para o desmatamento mais notavelmente. Além disso, substâncias proibidas que contribuem para o aquecimento são vendidas no mercado negro. E a mudança climática prejudica a economia e causa agitação social, colocando pressão adicional sobre o meio ambiente.

Encontrando fontes

Com uma relação tão ampla entre corrupção, crime organizado e criminosos ambientais, encontrar fontes exige lançar mão de vários recursos.

Os criminosos incluem muitos participantes em toda a cadeia de abastecimento, desde os trabalhadores locais até os consumidores finais, incluindo oficiais corruptos. O envolvimento do crime organizado é comum, mas alguns pesquisadores acreditam que as coisas não são tão claras, um deles até chama o tráfico ilegal de vida selvagem de “crime desorganizado”.

Muitos jornalistas e observadores enfatizam a importância de fazer pesquisas nos pontos onde os crimes são cometidos e onde os produtos ilegais são comprados. Outros enfatizam a necessidade de se concentrar na cadeia de abastecimento, para expor aqueles que facilitam, financiam e se beneficiam do crime ambiental. Existem muitos pontos de partida.

As melhores fontes são:

  • Organizações não governamentais (ONGs), locais e internacionais.
  • Cidadãos locais.
  • Oficiais do governo de vários tipos, incluindo aqueles envolvidos no comércio e transporte.
  • Funcionários de conservação.
  • Agentes da lei.
  • Caçadores, trabalhadores florestais, pescadores.
  • Pessoas na cadeia de abastecimento, não apenas vendedores, mas também aquelas que atuam no setor de transportes.
  • Pessoas condenadas ou presas por crimes ambientais.
  • Pesquisadores científicos.
  • Consumidores.
  • Notícias sobre prisões e processos judiciais.

É cada vez mais necessário procurar pistas online, onde o tráfico de vida selvagem, em particular, é predominante. Compradores e vendedores disfarçam suas transações, por isso, obtenha conselhos de especialistas.

Também é importante compreender os meios legais e regulamentares e como eles são explorados.

Reserve um tempo para aprender sobre o lado comercial das negociações de produtos específicos. Por exemplo, o comércio da madeira pode ser analisado em cinco estágios: extração, trituração, transporte, marketing e lavagem dos lucros, de acordo com um relatório de 2018, Razing Africa: Combatting Criminal Consortia in the Logging Sector (Destruindo a África: Combate aos Consórcios Criminosos no Setor Logístico). O relatório também chama a atenção para uma tática frequente em crimes ambientais: misturar produtos ilegais com legais para evitar a detecção.

Estudos de Caso

‘Eles estão acabando com as árvores’: empresas chinesas e elites namibianas fazem milhões extraindo ilegalmente os últimos jacarandás.

Esta investigação do Projeto de Jornalismo sobre Corrupção e Crime Organizado (OCCRP) examinou a extração ilegal de espécies protegidas de madeira de lei na Namíbia, como o pau-rosa africano, por duas empresas de fachada chinesas. Além de fazer muitas viagens para observação e entrevistas em primeira mão, o jornalista John Grobler se passou por um comprador de madeira em potencial. Grobler também conseguiu um relatório de auditoria interna do governo, bem como dados oficiais de exportação. Sua história examina uma empresa de propriedade de um imigrante chinês com uma longa ficha criminal.

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Ilustração: Ann Kiernan para GIJN

Jaguares da Bolívia são perseguidos em busca de partes do corpo do “tigre americano”

Este artigo do Mongabay, de Vanessa Romo, revela que sindicatos de tráfico controlados pela China estão contrabandeando partes de corpos de onças para fora da Bolívia. A investigação identificou três grupos criminosos operando no país, compostos quase inteiramente por cidadãos chineses. A investigação foi desenvolvida com a coleta secreta de informações pela Earth League International e do comitê nacional holandês da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).

Queima de RDF na Bulgária pode conter resíduos tóxicos

Escrito pela repórter Ksenia Vakhrusheva, esta denúncia descreve como regulamentações fracas e controle insuficiente transformaram a incineração de lixo municipal em um risco ecológico e para a saúde. “A importação de resíduos de países como a Itália suscita maiores preocupações sobre a saúde e segurança do público, já que ativistas antimáfia italianos afirmam que o processamento de resíduos em seu país tem laços estreitos com o crime organizado e muitas vezes mistura lixo tóxico com lixo doméstico”, Vakhrusheva escreveu. O artigo original foi publicado em bellona.ru em junho de 2019 e traduzido do russo para publicação em bluelink.info.

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A denúncia da Rádio Free Europe / Rádio Liberty sobre como o crime organizado está drenando ilegalmente grandes quantidades de petróleo russo. Imagem: Captura de tela

O Grande Roubo de Petróleo Russo

A Rádio Free Europe descobriu que o crime organizado está envolvido no roubo e venda de petróleo em “escala industrial” na Rússia. “Os grupos do crime organizado drenam quantidades incalculáveis ​​de petróleo usando torneiras e mangueiras ilegais para bombear o saque líquido de oleodutos para caminhões-tanque ou barcaças fluviais à espera, enquanto a polícia e os agentes de segurança fornecem proteção e assistência logística em troca de uma fatia dos lucros ilícitos”, de acordo com esta investigação por Sergei Khazov-Cassia.

O crime mais arrepiante da Europa

Esta investigação da Agência de Investigação Ambiental, uma ONG com sede no Reino Unido, identificou redes ilegais que usam a Romênia como um ponto de entrada para a Europa de hidrofluorcarbonos (HFCs), gases de efeito estufa usados ​​principalmente para resfriamento e refrigeração.

Perspectiva geral

Para obter uma visão geral, consulte os relatórios de organizações internacionais, como:

As ONGs são pesquisadoras abundantes nesta área. Por exemplo:

Do mundo acadêmico vem A Convergência do Crime Ambiental com outros Crimes Graves, um relatório baseado em pesquisa de 2020. “O aumento do crime ambiental a cada ano, combinado com suas consequências desastrosas para o mundo, mostra a importância de investigar a diversificação do crime organizado no comércio ilegal de recursos naturais”, escreveram os criminologistas Daan P. van Uhm e Rick C.C. Nijman.

Veja uma lista mais longa de relatórios de organizações internacionais e ONGs aqui.

Dicas e ferramentas

Trabalhando infiltrado 

Trabalhar infiltrado é um procedimento operacional padrão para policiais e alguns pesquisadores de ONGs, mas pode ser muito arriscado. Os jornalistas devem estabelecer um limite antes de decidirem fazer declarações falsas e mergulhar no submundo do crime. Para obter um conjunto útil de diretrizes sobre os riscos e recompensas dessa tática de reportagem, consulte esta lista de passos do International Center for Journalists.

“As investigações infiltradas têm um papel a cumprir, mas, na minha opinião, devem ser o último recurso”, adverte Julian Rademeyer, autor do livro “Matando para obter lucro: Expondo o comércio ilegal de chifres de rinoceronte”. Esther Nakazzi, jornalista científica freelance e instrutora da Internews para o Sudão do Sul, acrescenta: “As pessoas com quem você está lidando em crimes ambientais já são criminosos, podem ser violentos”. Nakazzi e outros oferecem uma série de recomendações, incluindo procedimentos de segurança rígidos. Se você for a um encontro, compartilhe sua localização com um editor e colegas. Trabalhem em pares. E seja convincente. Para ter sucesso, Nakazzi diz: “acredite no seu disfarce”, “mantenha-o profissional” e “fale como se tivesse dinheiro”.

Drones e satélites são alternativas menos perigosas para explorar atividades como extração ilegal de madeira e mineração.

“Depois de reunir essas informações, você começa a rastrear os caminhos que levam até lá”, explicou Paul Radu, cofundador da OCCRP, em uma entrevista à Forbes. Ele continuou: “Essas pessoas teriam que transportar a madeira ilegal de alguma forma e você descobriria quem é o proprietário desses veículos ou para onde eles estão indo. Para isso, você pode usar câmeras de vida selvagem que podem ser colocadas em árvores, algumas com infravermelho, outras com ativação por ruído, ou sensores de avião para identificar quando aeronaves estão chegando e saindo, e assim por diante. Toda a inteligência captada por interceptação de sinais, obtida por observação direta, é então combinada com inteligência de código aberto”.

Consulte também os guias da GIJN sobre o uso de imagens de satélite e drones.

Usando Redes Sociais

A mídia social agora é amplamente usada para facilitar o tráfico. As pesquisas podem fornecer ideias para histórias, além de nomes de suspeitos e fontes, e imagens.

Desenvolver os termos de pesquisa certos requer conhecimento especializado. Palavras-chave são frequentemente usadas. A GIJN conversou com investigadores especialistas para obter algumas dicas. Entre seus conselhos:

  • Descubra palavras-chave sobre as espécies-alvo.
  • Inclua termos sobre os tipos de transações, como as palavras: comprar, pedir, adquirir, etc.
  • Pense cuidadosamente em quais plataformas pesquisar.
  • Tome cuidado para proteger sua própria identidade se você interagir nas redes sociais.

Para uma rápida olhada no que está disponível, verifique o feed do Twitter do Hounds of Actaeon, um grupo “dedicado a expor o comércio de animais selvagens nas redes sociais”.

Alguns exemplos de histórias:

Bancos de dados úteis

Existem bancos de dados especializados, particularmente sobre animais famosos específicos. São muitos para listar, mas aqui você encontrará vários dos mais notáveis. Consulte também as entradas abaixo em Registros comerciais e Registros de apreensão e prisão.

  • O CITES Trade Database é o maior conjunto de dados sobre o comércio internacional legal de espécies extintas e quase extintas.
  • O Global Fishing Watch possui um mapa e dados que mostram os movimentos das embarcações de pesca comercial.
  • O IUU Fishing Index avalia a vulnerabilidade, presença e resposta dos países à pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (IUU, na sigla em inglês)
  • EcoCrime Data concentra-se na bacia amazônica.
Registros comerciais

O contrabando geralmente envolve a falsificação de documentos, o disfarce de mercadorias e o suborno de oficiais.

Este resumo da TRAFFIC, uma ONG internacional, discute técnicas comuns de corrupção no comércio ilegal de vida selvagem.

O UN Comtrade Database é um repositório de estatísticas oficiais de comércio internacional, então seu foco é o comércio legal de animais, mas a comparação de informações de importação e exportação revelou disparidades interessantes e outras pistas.

Os documentos sobre embarques, chamados “conhecimentos de embarque marítimo”, podem ser minas de ouro de informações – contendo o nome do remetente, para onde e para quem se dirige, e assinaturas. Infelizmente, esses não são registros públicos em muitos países, mas eles estão disponíveis nos Estados Unidos, Índia e vários países da América Latina, incluindo Panamá e Peru.

O uso de registros comerciais de vários tipos pode levar aos nomes das empresas, geralmente empresas de fachada, e pessoas envolvidas. Alguns jornalistas acham que os custos de serviços comerciais nos negócios e nos transportes podem ser incalculáveis, mas caros. Isso inclui Panjiva, Import Genius e Equasis.

Uma apresentação de slides da professora de jornalismo da Universidade de Columbia, Giannina Segnini, aborda tópicos como a pesquisa de contêineres e de conhecimentos de embarque. Veja também seus slides sobre Aprender linguagem alfandegária para rastrear remessas.

Outras técnicas investigativas de código aberto são úteis para aprofundar, como, por exemplo, descobrir quem realmente é o dono de uma empresa.

Para obter mais informações, consulte os recursos da GIJN em Rastreamento de navios no mar, cadeias de suprimentos e empresas de pesquisa.

Registros de apreensão e prisão

Notícias e bancos de dados sobre prisões e carregamentos apreendidos fornecem uma visão importante sobre o tráfico. Histórias como essas da Índia (sobre extração ilegal de madeira) ou da Austrália (sobre rinhas de galos) podem fornecer pistas.

Os registros de prisão foram usados ​​para descrever o tráfico de vida selvagem pela “Enterprise”, um cartel da África Ocidental, neste artigo da International Policy Digest. O Mongabay usou documentos oficiais para reconstituir uma operação ilegal de mineração de ouro administrada por uma rede criminosa chamada Los Topos, ou Os Toupeiras.

Os bancos de dados sobre apreensões incluem:

  • O The Wildlife Trade Portal (Portal de Comércio da Vida Selvagem) da TRAFFIC, uma ferramenta interativa que exibe os dados de código aberto do grupo sobre apreensão e incidentes de vida selvagem. O portal é pesquisável, com os resultados exibidos não apenas como uma lista, mas também em formato de painel.
  • The Wildlife Seizure Database (Banco de Dados de Apreensão de Animais Selvagens), mantido pela C4ADS, uma ONG com sede em Washington, DC. O acesso é por solicitação, e-mail: info@c4ads.org.
  • O Global Environmental Crime Tracker (O Rastreador Global de Crimes Ambientais), criado pela Environmental Investigation Agency, uma ONG com sede no Reino Unido.
Pesquisando nos Tribunais

Investigar o que acontece com os presos também oferece ângulos promissores para a reportagem. “Chamar a atenção para o crime ambiental é impor o cumprimento da lei”, disse o cofundador do Instituto Igarapé, Robert Muggah, em uma entrevista ao Mongabay.

Os registros são nacionais e o acesso pode ser complicado, mas uma compilação pode contar uma história.

O Oxpeckers Center for Investigative Environmental Journalism, uma organização sul-africana de jornalismo investigativo, criou vários bancos de dados “projetados por jornalistas para jornalistas” para acompanhar processos penais de crimes contra a vida selvagem. #WildEye cobre a Europa, #WildeyeAsia acompanha crimes contra a vida selvagem em todo o continente asiático e RhinoCourtCases lida com casos no sul da África.

Procure outras coleções, principalmente em nível nacional. Na Índia, por exemplo, existe o Wildlife Crime Database (banco de dados de crimes de vida selvagem) mantido pela Wildlife Protection Society of India (WPSI).

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