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Naipanoi Lepapa, jornalista investigativa do Quênia, deu dicas sobre como sobreviver como freelancer, em um painel da GIJC23. Imagem: Wiktoria Gruca para GIJN

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Dicas de sobrevivência como freelancer para repórteres investigativos

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Desde apresentar sua pauta a editores que você não conhece à colaboração, da divulgação do seu trabalho à obtenção de comissões importantes, ser freelancer traz uma série de desafios, especialmente para jornalistas investigativos.

Numa sessão sobre dicas de sobrevivência para freelancers na 13ª Conferência Global de Jornalismo Investigativo (#GIJC23) em Gotemburgo, Suécia, repórteres independentes da Alemanha, Quênia e Síria partilharam as suas estratégias para serem notados e conseguirem trabalho.

Dicas para vender sua pauta

A jornalista investigativa alemã Sylke Grühnwald faz as seguintes sugestões para apresentar ideias de pauta aos meios de comunicação e organizações:

Venda sua ideia para um ser humano: “Escolha o editor, aprenda seu nome completo”, disse Grühnwald, vencedora do Prêmio Europeu de Imprensa, que investiga o poder e a tecnologia. “Não seja tímido, eles estão acostumados com isso… apresente um ser humano, não um endereço de e-mail com informações aleatórias”.

Saiba para quem você está vendendo sua pauta: relacionado ao ponto acima, você deve ler a publicação para a qual está vendendo uma pauta, conhecer seu público, seu alcance, seu foco e seu ponto de vista político, ela aconselha.

Venda uma história, não um tema: A guerra na Ucrânia é um tema. “Cum-ex” – um escândalo multibilionário de evasão fiscal – é um tema. Refugiados sírios que vão para a Suíça também são um tema, mas não são histórias. As histórias precisam de personagens, cenários e contexto, diz Grühnwald.

Estruture seu e-mail de sugestão de pauta: seu primeiro parágrafo deve fornecer contexto suficiente para montar a história. O segundo deve ter um gancho noticioso e indicar o que torna a história oportuna. O terceiro parágrafo deve deixar claro o seu ângulo, ou seja, quem você planeja entrevistar e o que planeja pesquisar. Por fim, diz ela, o último parágrafo deve informar ao editor por que você é a pessoa certa para fazer esta história e incluir um link para o seu portfólio.

Apresente primeiro, envie o rascunho depois: somente depois de receber sinal verde você deve rascunhar sua história e, em seguida, reformulá-la de acordo com os pedidos do editor.

Estabeleça um prazo: informe ao editor que você aguardará uma resposta até uma determinada data. Depois disso, sugira a pauta para outra pessoa.

Evite palavras qualificadoras como “pode” e “provavelmente”: você deve ser muito claro sobre o que sabe e o que não sabe ao apresentar uma história a um editor. Não há necessidade de vender demais ou vender menos, diz ela. Seja honesto.

Indique as principais fontes e documentos: mas apenas dê uma ideia de com quem você estará conversando. Não os torne identificáveis, aconselha Grühnwald, pelo menos não quando estiver vendendo a pauta.

Verifique a ortografia, os fatos, a gramática e o tom: lembre-se de que seu argumento de venda também oferece aos editores uma prévia de sua forma de escrever e precisão, não se sabote antes mesmo de começar.

Peça a alguém que leia a proposta: Encontre um colega que possa entender o trabalho que você está tentando fazer, mas também alguém que possa lhe dar uma perspectiva diferente, para ler sua proposta. Considere perguntar a um jornalista visual se você é um redator, ou a um redator se você é um jornalista visual.

Seja capaz de dar continuidade: não apresente uma história que você não será capaz de escrever.

Torne-se membro de um sindicato: filiar-se a um sindicato de jornalistas pode ajudá-lo a enfrentar os desafios do setor.

Sylke Grühnwald discursando no painel Dicas de sobrevivência para freelancers na GIJC23, em Gotemburgo, Suécia. Imagem: Wiktoria Gruca para GIJN

Promova-se e colabore

“Quando alguém me pergunta como sobrevivo como freelancer… envio-lhes o meu Twitter e eles veem o meu LinkedIn”, disse Naipanoi Lepapa, jornalista investigativa do Quênia. “É assim que faço minha autopromoção”.

As redes sociais e o site de Lepapa mostram seus interesses, os tópicos que ela cobre e suas conquistas. Ela se considera uma jornalista, mas também uma marca, e como marca, ela tem que se destacar.

Mas, além de se promover, Lepapa também sugere promover o trabalho de outros jornalistas e pedir-lhes que recomendem o seu, e está sempre à procura de outros jornalistas com quem colaborar no Quênia e no exterior.

Por que a colaboração é importante para ela? Ela diz que isso gera jornalismo de alta qualidade, garante que o seu trabalho alcance um público mais amplo – especialmente se for além-fronteiras – e muitas vezes significa que os repórteres podem compartilhar recursos. Além disso, se a investigação for amplamente publicada e tiver muitos nomes assinando-a, diz ela, os repórteres estarão normalmente mais seguros e menos expostos ao risco de ataques legais.

“Quando você junta tudo isso você produz algo impactante, algo bonito”, disse Lepapa.

Mas colaborar também pode ser difícil, especialmente para jornalistas que estão habituados a trabalhar por conta própria. Por isso, Lepapa dá as seguintes recomendações para lidar com os desafios nas colaborações como freelancer.

  • Peça pagamento igual de acordo com a quantidade de trabalho realizado por cada parte.
  • Estabeleça cronogramas e prazos.
  • Obtenha o crédito adequado.
  • Mantenha-se firme.
  • Saiba que não há problema em desistir se a proposta não lhe agradar ou for injusta.

Tenha uma mentalidade organizacional

Mais Katt é uma jornalista síria radicada na Holanda. Ela costumava trabalhar na equipe de organizações de mídia antes de entrar no mundo freelance.

“Quando me tornei freelancer, fiquei muito, muito preocupada”, disse Katt, diante de uma sala cheia de freelancers de todo o mundo, acrescentando que sentia o risco de forma tão aguda “porque tive uma filha, também sou uma refugiada na Holanda e sou mãe solteira“.

Katt gosta de se considerar como uma pequena empresa ou uma organização individual e faz as três recomendações a seguir para freelancers que estão iniciando por conta própria.

  • Faça um perfil seu.
  • Tenha vários currículos e amostras do seu trabalho.
  • Olhe para frente: prepare, conecte, inscreva-se e aumente as possibilidades.

“Achei que era importante [saber]… onde sou forte? Onde sou fraca? Quais são os pontos que preciso desenvolver ou como posso me apresentar? Qual é a minha visão?”, Katt disse. “E assim também poderei me apresentar melhor para os clientes com quem irei trabalhar“.

Cargos diferentes exigem perfis diferentes, e ela aconselha os repórteres a editarem os seus quando se candidatarem a diferentes cargos e oportunidades. Katt tem um currículo voltado para jornalismo, mas quando se candidata a workshops ou a oferecê-los, usa outro currículo que enfatiza sua experiência como instrutora.

Ela também recomenda investir na participação em conferências ou eventos onde freelancers possam mostrar o trabalho que fazem e se conectar com pessoas com quem possam querer trabalhar no futuro.

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